Judaismo! - Nitzavim / Vayelej
Nitzavim / Vayelej
23 de Elul 5759; 4 Setembro 1999
Resumo da Parashá
Conteúdo
NITZAVIM
No seu último dia de vida, Moshe reune todo o povo, jovens
e velhos, inferiores e exaltados, homens e mulheres numa iniciação
final. O pacto não inclui somente aqueles que estão
presentes, mas também gerações ainda não
nascidas. Moshe alerta a população novamente para
evitarem idolatria, pois apesar de terem presenciado as abominações
do Egito, eles terão sempre tentações de
experimentar filosofias de outras nações como pretexto
de imoralidade.
Moshe descreve a desolação da Terra de Israel que resultará do não cumprimento das mitzvot de Hashem. Ambos seus descendentes e estrangeiros comentarão sobre a desolação da Terra e sua aparente infertilidade de semear e produzir safras. A conclusão será óbvia para todos - o Povo Judeu se afastou Daquele que os protege para servir à ídolos que não podem fazer nada. Porém, Moshe promete que o povo eventualmente se arrependerá depois das bençãos e punições forem cumpridas. Independente do quanto se assimilarem, eventualmente Hashem os trará de volta para Eretz Ysrael. Moshe diz para que eles se lembrem que a Torah não é uma possibilidade remota, mas seu cumprimento é acessível a todos os Judeus. A Parasha conclui com uma escolha dramática entre vida e morte. Moshe exorta o povo para escolher a vida.
VAYELEJ
E então, no seu último dia de vida, Moshe vai de
tenda a tenda do acampamento, se despedindo de seu povo querido,
encorajando-os a "manter a religião". Moshe lhes
diz que mesmo quando ele não estiver mais com eles, Hashem
estará com eles e destruirá seus inimigos. Com isso,
ele chama Yeoshua, e frente á toda nação,
ele os alerta para serem fortes e corajosos como o líder
do Povo Judeu. Dessa forma, ele fortalece a posição
de Yeoshua como novo líder. Moshe ensina a mitzva de Hakel,
a cada sete anos no primeiro dia dos dias intermediários
de Sucot, toda a nação, incluindo pequenas crianças,
devem se reunir no Templo para escutar o Rei ler partes do Livro
Dvarim. As seções que ele lê são relacionadas
a fidelidade á Hashem, o pacto, a recompensa e a punição.
Hashem diz para Moshe que seu final está próximo,
e que ele deve então chamar Yeoshua para ir com ele para
o Mishkan, aonde Hashem ensinará Yeoshua. Hashem diz para
Moshe e Yeoshua que após entrar na Terra, o povo será
infiel ao servir outros deuses. Consequentemente, Hashem "se
esconderá" completamente, para que pareça que
o Povo Judeu está á merce se sua fé, e eles
serão perseguidos por outras nações. Hashem
instrui a Moshe e Yeoshua para escrever uma música - Haazinu
- que "testemunhará" contra o Povo Judeu quando
eles pecarem. Moshe escreve a música e a ensina para Bnei
Ysrael. Moshe completa a transcrição da Torah, e
instrui os Leviim para coloca-la junto ao Aron (Arca Sagrada),
para que ninguém nunca escreva um novo pergaminho da Torah
diferente do original - pois sempre existirá essa cópia
como referência.
Comentário da Parashá
Conteúdo
Suficiente Para Te Amedrontar
"Vocês estão aqui hoje - todos vocês". (29:9)
Nada é mais temeroso do que o desconhecido. Quando éramos crianças pequenas pediamos para nossos pais deixarem a porta entre-aberta para que um pouco de luz do corredor entrasse no quarto. Nada provoca tanta ansiedade do que uma ameaça indeterminada. Não temos como lidar com um medo vago, por não sabermos oque esperar nossa imaginação é ilimitada.
O Midrash pergunta qual é a coneccão entre a Parasha desta semana e as noventa e oito maldições que concluiram a Parasha da semana passada. Ele responde: "O Povo Judeu escutou cem maldições menos duas... imediatamente suas faces se esverdearam e disseram 'Quem pode existir com o temor dessas maldições?' "
A terminologia deste Midrash é intrigante. Porque "cem maldições menos uma?" Não seria mais fácil dizer noventa e oito? Porque o Midrash tem que provar nosso conhecimento de aritmética básica? Nada esverdeia nossas faces tão rapidamente do que o medo do desconhecido.
O Povo Judeu tinha acabado de escutar noventa e oito maldições. Noventa e oito maldições devido a noventa e oito razões. E cada uma delas tinha sua cura. Oque os amedrontava eram as maldições ocultas nas palavras: "Até mesmo se uma doença ou maldição que não está escrita no Livro da Torah, Hashem te afligirá até que você seja destruido" (28:61). Essas duas maldições esverdearam suas faces porque as causas delas não foram especificadas. Podemos imaginar oque pensaram: "Talvez essas duas maldições serão piores das que as precedentes? Talvez por isso a Torah não revela sua natureza?" É suficiente para esverdear a face!
Moshe imediatamente tranquilizou sua ansiedade explicando que essas maldições não eram para extermina-los, mas para testa-los - "Vocês estão aqui hoje". A essência dessas maldições era para garantir que o Povo Judeu permaneceria de pé, que não cairiam.
Mãos para o alto!
"Vocês estão aqui hoje, todos vocês, diante de Hashem seu D-us". (29:9)
Estar neste contexto significa "com sua cabeça erguida". A pessoa pode erguer a cabeça por duas razões. Por orgulho, pensando que é importante. Ou por outra razão. O homem fica entre os animais e os anjos. Se vive com vaidade e deseperado por satisfazer seus desejos, ele desce para o nível animal. Mas na realidade é pior do que o animal, pois o animal deve se comportar como tal. Mas o mesmo não é esperado do homem.
Por outro lado, se ele conquistar seus instintos negativos, santificar e purificar seu pensamento, palavras e ações, o homem se eleva para o nível do anjo. Mas na realidade, ele se elevou mais alto do que o anjo, pois estes não tem inclinação negativa. Isso faz com que o homem se eleve muito mais. Esse é o outro significado de erguer a cabeça - durante todo o ano a pessoa é limitada pelas pressões do mundo material, sua cabeça e seus pensamentos se rebaixam como um animal, lidando com detalhes insignificantes que é parte de nossa sobrevivência. Porém em Rosh HaShana (não é coincidência que rosh também significa cabeça) a cabeça - de anjo - é erguida sobre seu corpo - animal. E se ele é uma criação celestial, então ele deve ser mais alto do que um anjo, pois "Vocês estão aqui hoje" com suas cabeças erguidas.
A Vontade E Essência
"Pois este mandamento que te comando hoje - não é ocultado de você..." (30:11)
Como é possível termos um relacionamento com D-us? Somos mortais finitos, limitados por tempo e espaço. D-us não é assim. Como podemos superar a distância para ter um relacionamento com o infinito? Vamos responder essa pergunta com outra: como você sabe como alguém realmente é interiormente? Como você conhece a essência de alguém?
A pessoa é oque quer ser. A vontade expressa a essência.
As mitzvot -os mandamentos - são a Vontade de D-us. Elas são literalmente oque D-us quer. Então, elas nos mostram, limitadas pela nossa compreensão "Quem" é D-us. Porém, não são promulgadas por um monarca de carne e osso. Os estatutos de um rei humano são meras palavras, não conectam os súditos ao rei. Ao contrário das mitzvot Divinas, que são conducivas a nos conectar ao Criador. A mesma idéia está presente na terminologia da bracha "Aquele que te comandou com Seus mandamentos". Esse poder de comando "não é ocultado de você". Pois quando a pessoa utiliza seu coração e alma para cumprir uma mitzva, ele pode acionar o poder que Hashem colocou em cada mitzva, o poder de se conectar com a fonte da mitzva, de se conectar com D-us.
Aprendemos isso também no ensinamento dos sábios de que "A recompensa para uma mitzva - é a mitzva". A recompensa de uma mitzva é que conectamos com o poder dela, o poder de nos conectarmos com a Fonte.
Esconde-Esconde Cósmico I
"Eu certamente esconderei Minha face". (31:18)
Uma vez, um grande Rabino viu uma criança pequena chorando. "Qual é o problema, yngale?", perguntou o Rabino, com seus olhos demonstrando simpatia e compaixão. "Estávamos brincando... e eu tinha que me esconder... Então eu fui e..." O rabino disse que estava escutando e lhe pediu que continuasse. O menino então exclamou: "... mas ninguém me procurou!"
Após alguns momentos, o Rabino sorriu com carinho e disse: "Sabe, você não deve ficar tão triste. Você está em boa companhia". O menino se acalmou um pouco e suas lágrimas diminuiram. O Rabino olhou para os olhos do menino e continuou: "Sim, você está em muito boa compania. D-us se sente como você - poucos lhe procuram".
Este mundo é um jogo cósmico de esconde-esconde. Somos convidados para este mundo, o convite é a vida. O próprio convite é um desafio: Oque nos trouxe para cá? Quem no sustenta? Oque estou fazendo aqui?
Para fazer o jogo mais desafiador existem inúmeras distrações e "pistas falsas" que nos afastam do objetivo. Mas nosso "Anfitrião" nunca para de nos ajudar. Ele nos deu um manual claro que é uma garantia para nos permitir desmascara-lo e revelar o propósito de nossa existência. Esse manual é chamado Torah. Quando cumprimos a Torah, vemos cada vez mais claramente o Criador. Mas quando a negligenciamos, Ele se esconde cada vez mais profundamente e encontra-lo é extremamente difícil.
estória contada pelo Rabino
Zeev Leff
Esconde-Esconde Cósmico II
"Eu certamente esconderei Minha face". (31:18)
Na linguagem hebraica, a ênfasis "certamente" é expressada através da repetição do verbo. Em outras palavras, a tradução literal da frase "Eu certamente esconderei Minha face" é "Esconder, esconderei Minha face". A estrutura do hebraico nos alude a uma interpretação desse "esconder". Existem duas formas de esconderijo. Uma é quando você sabe quem está se ocultado, mas não sabe aonde ele está. E a outra é quando você nem sabe que existe alguém encoberto. No segundo tipo, o próprio fato dele estar escondido é desconhecido. Esse é o esconderijo mais intrigante - aonde o escondido é completamente ocultado. Quando percebemos que Hashem está escondido de nós, Ele não está realmente ocultado, porque sabemos que o fato de termos nos escondido dele foi reciprocado com Ele ter se escondido. E assim, retornamos para Ele com humildade e implorando Seu perdão. Porém, quando o fato de alguém ter se escondido é desconhecido, e pensamos o mundo é dessa forma, temos um grande problema. Porque nada nos alerta a retornar para o Criador. Pensamos: "A vida é assim mesmo - não é?" Existe uma expressão popular que "ignorância é ótima". Mas somente quando somos ignorantes de nossa ignorância. Mas um dia, quando formos para a Corte Real Suprema, teremos que pagar pelos anos de ignorância feliz. Em Yom Kipur, temos a chance de nos despertarmos dessa ignorância. Essa oportunidade uma vez ao ano nos coloca à mercê do Rei. Se buscarmos com todo nosso coração, o encontraremos.
estória contada pelo Rabino
Zeev Leff
Não Se Preocupe - Seja Feliz I
"E Ele encontrará muitas maldades e preocupações naquele dia 'Pois, devido a D-us não estar conosco essas maldades me afligiram' ". (31:17)
Como você define felicidade? Muito dinheiro? Status? Segurança? Juventude e beleza?
Alguém disse uma vez que "Alegria é saber oque é importante e saber que você está ligado a eles".
Aquele que acredita em D-us, acredita na importância do propósito do mundo e que as coisas acontecem por uma razão. Ainda que eu não entenda o porque, eu sei que os eventos não são por acaso. Aquele que tem fé considera tudo na vida importante. O Autor Divino não deixa nenhuma situação sem solução. Nenhuma vida é insignificante. Nenhum evento é sem importância. Se D-us me criou, Eu devo ser importante; devo ter significado. Essa é a fonte essencial da alegria: "Se D-us me criou, minha vida tem que ser importante". Essa atitude é uma grande arma contra sentimentos de depressão e solidão.
Se felicidade é saber que as coisas são importantes e estou conectado á elas, então tristeza é o contrário. Pensar que nada é importante. A antítese da alegria é a apatia. Apatia é a voz que diz: "Não tenho valor, minha vida não tem valor, nada tem valor... Porque me levantar da cama?"
Não Se Preocupe - Seja Feliz II
"E Ele encontrará muitas maldades e preocupaçoes naquele dia 'Pois, devido a D-us não estar conosco essas maldades me afligiram' ". (31:17)
A estrutura do verso é assimétrica. Começa com "maldades e preocupações" e termina com "maldades". Oque a Torah está ensinando com isso?
"Maldades" se referem ao próprio evento. Neste mundo tragédias ocorrem com frequencia. Muitas vidas sofrem algum tipo de "maldade". No nosso mundo, dividimos os eventos entre positivos e negativos. Nossa visão é limitada. Não podemos ver o resultado final positivo de tudo que ocorre. "Preocupações" se referem a ansiedade, depressão: quando o mundo parece escuro. Isso é adicionado ao próprio "mal". Quando não temos fé em D-us não somente sofremos com a dor dos eventos, mas pior, não temos como colocar-los em perspectiva. Vemos as coisas com a indiferença de um universo aliatório.
Porém, quando confiamos em D-us, andamos pela sombra do vale da morte sem medo, pois sabemos que D-us sempre está conosco.
Haftara
Yeshaiahu 61:10-63:9
Conteúdo
Esta é a última das sete Haftarot de Consolação. o Profeta Yeshaiahu descreve como assim como na época de Mashiach, a terra parecerá crescer e florescer sem nenhum cultivo; Hashem redimirá Seu povo e lhe mostrará extrema bondade sem nenhuma ação nossa, sem que merecemos. Mas o Criador será bondoso devido a sua infinita generosidade.
Nos últimos dias, Hashem virá "manchado de sangue da batalha com Esav/Edom/Roma e seu herdeiro espiritual". Libertará Seu povo e revelará que esteve com eles em todos os exílios, frustrando os planos daqueles que queriam destrui-los.
Porque a Paz Não tem Chance
'Por Tzion, não ficarei quieto, e por Yerushalaim não ficarei parado"
Porque a história da humanidade nos últimos dois mil anos tem tido constantes conflitos e problemas? Certamente após tantas experiências difíceis, deveríamos ter nos desenvolvido e aprendido a coexistir com alguma harmonia. Porque o mundo é um lugar tão perigoso - ou mais perigoso do que um lugar - quanto a umas centenas de anos atrás? Nas áreas da ciência e tecnologia houveram tremendos avanços. Consideramos a "tecnologia" do passado como extremamente primitivas. Porque a relação entre as nações do mundo não se desenvolveram de forma paralela? A resposta é que D-us colocou na criação uma inquietação, falta de tranquilidade, que é a reflexão metafísica do exílio do Povo Judeu. Enquanto o Povo Judeu ainda sofre no seu exílio final, não haverá tranquilidade para o mundo - "Por Tzion, não ficarei quieto, e por Yerushalaim não ficarei parado". Mas o mundo não terá paz até que venha a redenção final.









