Judaismo! - Devarim
Devarim
26 de Av 5759; 17 Julho 1999
Resumo da Parashá
Conteúdo
Essa Parasha introduz o último dos cinco Livros da Torah, Sefer Dvarim. Esse Livro também é chamado Mishne Torah, literalmente "Repetição da Torah" (origem da tradução grega-latina Deuteronômio). Sefer Dvarim relata oque Moshe disse para Bnei Ysrael nas suas últimas cinco semanas de vida, quando eles se preparavam para atravessar o Rio Jordão a caminho de Eretz Ysrael. Moshe reviu as mitzvot, enfatizando a mudança de vida que eles enfrentariam: da existência miraculosa, supernatural do deserto com seu comando, á vida aparentemente normal que eles iriam experienciar com a liderança de Yeoshua em Eretz Ysrael.
O tema central esta semana é o pecado dos espiões, os meraglim. A Parasha começa com Moshe aludindo às transgreções da geração prévia que faleceu nos 40 anos de viajem pelo deserto. Ele descreve para o Povo oque teria ocorrido se eles não tivessem pecado ao mandar espiões para Israel. Moshe disse para eles que Hashem lhes teria dado toda a terra do Mediterrâneo até o Eufrates, incluindo as terras de Amon, Moav e Edom, sem que eles tivessem que lutar. Ele detalha os pecados sutis que culminaram com a transgressão dos espiões, e revisou em detalhe as consequencias: toda a geração morreu no deserto, e já que Moshe foi proibido de entrar em Eretz Ysrael, Yeoshua Bin Nun substituiu Moshe nesse comando. Moshe os lembrou que eles reagiram ao decreto Divino querendo lutar imediatamente para retificar o erro. Moshe recordou que eles não escutaram quando ele lhes disse que eles perderam o mérito de vencer seus inimigos miraculosamente. Eles ignoraram e sofreram uma derrota severa. A nação não teve permissão para atacar os reinos de Esav, Moav ou Amon - terras que ainda não faziam parte do mapa de Eretz Ysrael. A conquista de Canaan, começando com Sichon e Og, teria que ser feita de forma natural através de guerras.
Comentário da Parashá
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Imitação Divina
"Porque o julgamento é Divino"
"Imitatio Dei" (Imitação Divina) não é uma cantata de Bach. Não é um afresco de Donatello na Capela Cistina. Imitatio Dei é uma mitzva da Torah. Nós somos ensinados que nossas ações devem emular as de Hashem. Pois o Talmud ensina: "Assim como Ele veste aqueles que não tem roupa, você deve vestir aqueles que não tem roupa... Assim como Ele visita os doentes, você deve visitar os doentes... Assim como Ele conforta aqueles que estão de luto, você deve confortar aqueles que estão de luto... Assim como Ele enterra os mortos, você deve enterrar os mortos." (Sota 13b)
É interessante que as qualidades mencionadas nessa Gemarah são positivas. Por exemplo, não está escrito: "Assim como Ele julga os pecadores, você deve julgar os pecadores". Mas a ênfasis está na obrigação de sermos justos.
Porque? Pois com relação a qualidades positivas nós devemos ser como Hashem o quanto é humanamente possível ser - Imitatio Dei - como Hashem. Porém, em termos de julgamento, nós devemos saber que "o julgamento é Divino". Nós somos somente seus agentes.
Quando nós julgamos, não estamos decidindo a lei. A lei - julgamento - permanece com Hashem.
A arte de escutar
"... e oque for muito difícil para você, traga para mim e eu escutarei". (1:17)
Como diz o provérbio popular: "Um problema compartilhado é um problema dividido pela metade". É sabido que parte do processo psiquiátrico de ajudar pacientes é a verbalização de seus problemas. Ter alguém que nos escute é um alívio, ainda que o problema permaneça.
O Rebbe de Gur explicou que essa idéia vêm do que Moshe disse no verso: "... e oque quer que seja muito difícil para você, traga para mim e eu escutarei". Moshe não disse: "Eu resolverei o problema para você", mas "...eu escutarei". Deixar que a pessoa expresse suas dificuldades é terapeutico e pode também ajuda-lo a encontrar uma solução permanente.
A Corte Suprema
"... e oque for muito difícil para você..." (1:17)
Moshe diz para o povo llhe trazer os casos difíceis para que ele os julgue. Mas quando Ytro aconselhou Moshe de forma semelhante, quando ele viu que Moshe estava sobrecarregado com casos demais de alegações legais, ele lhe disse para que Moshe julgue os maiores, e para que os menores fiquem a cargo de uma hierarquia de juízes.
Nós observamos com isso uma distinção interessante entre o sistema legal Judeu e o secular. No mundo secular, personificado aqui por Ytro, um caso é julgado de acordo com a quantia envolvida. Casos que envolvem grandes somas monetárias frequentemente chegam a Corte Suprema ainda que a lei seja clara e não esteja acima da competência de um juiz regular.
Porém no Judaísmo se a lei é clara, ela pode ser arbitrada por qualquer autoridade halachica qualificada. Por outro lado, se o caso é "difícil", se ele requer análise especial e avaliação profunda, então ele será levado para a maior autoridade halachica ainda que envolva pouco dinheiro.
Areia e Estrelas
"Eu não posso mais te carregar sozinho. Que Nosso Senhor, Seu D-us te aumente em número e te coloque hoje como as estrelas dos Céus". (1:9,10)
Bnei Ysrael é comparado a areia do mar e as estrelas dos Céus. A natureza da areia é cada grão se juntar ao seu vizinho.
O contrário ocorre com as estrelas, que ficam a eternidades de distância, e cada uma é um mundo separado.
Quando o Povo Judeu está unido, junto, formando uma unidade, ainda era possível para Moshe carregar seu peso. Mas quando eles se dividiram, e se distanciaram, cada um formando seu mundo, então a pressão era demasiada para o líder.
Plantando sementes
" Essas são as palavras que Moshe disse para todo Israel, no outro lado do Jordão, em relação a região despovoada, em relação a Arava, oposto ao Mar Vermelho, entre Paran e Tofel e Lavan, e Chatzerot e Di Zahav". (1:1)
Quando você quer comunicar a outros algo desagradável sobre eles, a pior forma de fazer isso é confronta-los. O ouvinte imediatamente se voltará contra o ataque com diferentes formas de se justificar: "Eu não pude evitar" ou "Você acha que você teria se comportado melhor?!".
É muito melhor abordar o assunto indiretamente, discretamente apelando para o subconsciente do ouvinte. Dessa forma, ele não preparará defesas, e a idéia se expressará no seu subconsciente como uma semente.
Dessa maneira Moshe introduziu o Livro Devarim. Os locais mencionados foram regiões aonde transgressões e rebeliões foram cometidas pelo Povo Judeu: "em relacão a região despovoada" - seu desejo pelos utensílios de carne egípcios; em relação a Arava - sua imoralidade com as filhas de Moav, "oposto ao Mar Vermelho" - sua falta de fé em Hashem ao atravessar o mar, "entre Paran e Tofel e Lavan" - reclamações sobre a comida miraculosa, o Man, "e Chatzerot" - a rebelião de Korach, "e Di Zahav" - o bezerro de ouro.
Moshe está discursando para Bnei Ysrael nas suas últimas cinco semanas de vida. Ele quer lhes deixar uma mensagem forte e duradoura: para tomarem cuidado com as tendências inerentes que já os colocaram em confrontação com Hashem.
Ao invés de lhes criticar diretamete com o risco de ser rejeitado, Moshe planta sementes de introspecção no psyche coletivo do Povo Judeu, para que depois do seu falecimento, tais idéias ainda sejam lembradas.
Haftara
Isaias 1:1-27
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Inteligência de cavalo
"O touro conhece seu dono, e o asno conhece os utensílios de seu dono. 'Mas Israel não sabe, Meu Povo não reconhece.' " (1:3)
O Rabino Yochanan ben Taursa uma vez vendeu um touro para um Não Judeu. Em Shabat, o Não Judeu tentou utilizar o touro para semear seu campo, mas apesar de seus esforços o animal recusou a obedecer.
Ele bateu forte no touro até que o Rabino Yochanan veio e sussurou no ouvido do animal: "Que seja sabido que você não é mais minha propriedade. Agora você é do Não Judeu. Você deve trabalhar seguindo as instruções dele".
Imediatamente o touro se levantou e começou a trabalhar. O Não Judeu, observando oque aconteceu, se converteu. Por isso o Rabino Yochanan recebeu o nome 'ben Taursa' (filho do touro - Taurus).
De forma semelhante, nossos sábios relatam a história de um touro que Eliahu HaNavi deu para os falsos profetas de baal. O touro recusou ser morto em nome do ídolo baal até que Eliahu lhe disse para que ele aceite ser oferecido no altar de baal, pois assim também eventualmente ele estaria santificando o nome Divino. E somente então o touro aceitou ser morto.
Nossos sábios também mencionam a história do Rabino Pinchas ben Yair que tinha um asno que recusou comer comida em que maaser (dízimo) não havia sido separado.
Tudo isso é aludido no verso: "O touro conhece seu dono" - existe um touro que conhece seu dono, o touro de Eliahu HaNavi que se submeteu a ser sacrificado para idolatria, ou o touro do Rabino Yochanan ben Taursa que não trabalhava em Shabat. "E o asno conhece os utensílios de seu dono" - o burro do Arbino Pinchas ben Yair que não comeu alimento sem que dízimo fosse tirado. Porém, você, Meu Povo, disse Hashem, se rebaixou mias do que o touro e o asno, pois "...Israel não sabe, Meu Povo não reconhece' ".
Publicado por Instituições Or Sameach - Departamento Latino-americano
Diretor : Rabino Betzalel Blidstein
Escrito e Recompilado por Rabi Yaakov Asher Sinclair
Editor Responsável: Rabi Moshe Newman
Tradução : Nomi Travis
Produção: Moises Cohen
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