Judaismo! - Bamidbar
Bamidbar
29 de Iyar 5759; 15 Maio 1999
Resumo da Parashá
Conteúdo
O livro Bamidbar ("no deserto") comeca com Hashem instruindo Moshe a fazer um censo de todos os homens com idade acima de vinte anos - com idade de servir. A contagem revela pouco mais de 6000.000. Os Leviim sao contados separadamente, pois seu servico e unico. Eles serao responsaveis em transportar o Mishkan e seus acessorios e monta-los quando a nacao acampar. As tribos de Israel, cada uma com sua bandeira, sao posicionadas em volta do Mishkan em quatro secoes: oeste e sul, leste e norte. Como Levi e separado, Yosef e dividido em Efraim e Menashe para que hajam grupos de tres.
Quando a nacao viaja, eles se movimentam de forma semelhante a que acampam. Uma cerimunia formal e realizada entre o primogenito e os Leviim, quando os Leviim assumem a reponsabilidade que o primogenito teria tido servindo no Mishkan antes do pecado do bezerro de ouro. O ato e feito utilizando os 22.000 Leviim avaliados com idade a partir de um mes, ainda que somente Leviim entre 30 e 50 anos trabalharao no Mishkan. Os outros primogenitos sao redimidos com prata, semelhante a forma em que redimimos os primogenitos hoje em dia. Os filhos de Levi sao divididos em tres familias principais: Gershon, Kehas e Merari (com excecao dos kohanim - divisao especial da familia Kehas). Os filhos de Kehas tinham que carregar a Menora, a Mesa, o Altar e a Arca Sagrada. Por causa de sua extrema santidade, antes que os Leviim preparassem a Arca e o Altar para viajar, estes eram cobertos somente por Aharon e seus filhos.
Comentário da Parashá
Conteúdo
Deserto Desolado
"No deserto" (1:1)
Nesta semana começamos a ler o Livro Bamidbar (Números). Bamidbar significa "No deserto".
Porque a Torah foi entregue no deserto? O deserto é símbolo de desolação, antítese de vida e atividade. A representação da civilização, do movimento e vitalidade, é a cidade. A cidade tem casa e as casas, pedras. As letras do alef-beit são como pedras. Cada pedra sozinha não tem vida, mas se combinadas, formam uma casa, um centro de vida. De forma semelhante, as letras de uma palavra não radiam luz se estão sozinhas, mas se formam palavras e frases, expressões e dizeres, elas radiam a luz do intelecto que dá vida ao homem; que o direciona e o guia.
"Com a palavra de Hashem, os céus foram criados". Todo o mundo foi formado com a combinação de letras do alfabeto hebraico. As letras e palavras foram espalhadas por toda a face da Terra.
Nós temos uma escolha. Se, através dessas expressões, reconhecemos Hashem no mundo; se elas são como pérolas de um colar revelando o traçado Divino utilizado para tecer o mundo, então o mundo não é mais um local desolado, mas uma cidade populosa e vibrante com vida e propósito.
Porém, se ignoramos a presença Divina, se não nos esforçamos para unir as letras da existência como palavras e frases, então o mundo permanecerá um lugar desolado.
Imagine duas pessoas lendo o mesmo livro. Uma lê com compreenção e a outra balbucia sem entendimento. O primeiro acende a vela de sabedoria das palavras, dá vida á elas. Enquanto que o segundo deixa um rastro de pedras mortas. O mundo é como um grande livro. Feliz é aquele que sabe como ler e entender esse livro.
Presente
"No deserto" (1:1)
A Torah foi entregue gratuitamente, publicamente, em um lugar sem dono. Se tivesse sido dada na Terra de Israel, as nações do mundo diriam que não tem nenhuma porção dela. Portanto, a Torah foi presenteada dessa forma, para que quem a queira aceitar poderá se manifestar.
Se tivesse sido entregue na Terra de Israel, o Povo de Israel teria dito para as nações: "Você não tem nenhuma porção da Torah". Consequentemente, ela não foi dada em Israel para não causar disputas nas tribos.
E porque no deserto? Assim como o deserto não tem luxos, as palavras da Torah permanecem somente com aquele que evita riquezas.
"No deserto" (1:1)
Música do Deserto I
Assim como um apaixonado tem obceção por sua amada, o estudante sincero de Torah deve ter obceção por sua "amada' - a Torah. Ele deve ocupar seus pensamentos com ela todo o tempo, e nada deve ser tão importante para ele. Ele deve pensar que somente a Torah dá sentido á vida - pela Torah ele está preparado para abrir mão dos confortos espirituais deste mundo, para se tornar um deserto - vazio e desolado. Ele deve ser como um canvas virgem para que a Torah pinte a paisagem da sua alma.
A Torah foi entregue no desrto. Para integrar a Torah profundamente, temos que "nutrir" nosso espírito, ansiosos por sua água como um homem no deserto necessita de água.
Temos que ser humildes como o deserto, modestos e abandonados, deixando idéias preconcebidas, preparados para desprezar desejos materiais e efeitos distorcidos de paixões. Somente quando permitirmos que a Torah molde nosso pensamento, Hashem abrirá nossa visão para o mundo real.
Música do Deserto II
Todo ano, no Festival de Shavuot, o Povo Judeu novamente recebe a Torah. No Shabat antes de Shavuot nos preparamos para esse evento.
Historicamente, o Shabat foi entregue para Bnei Ysrael antes da Torah, e foi a força espiritual do Shabat que nos levou ao Monte Sinai, poi Shabat criou unidade na nação. E união do Povo Judeu é um pre-requisito para o recebimento da Torah. Quando estamos juntos como irmãos, como uma família na mesa de Shabat, nós recriamos a mesma união necessária para o recebimento da Torah em Sinai.
Se a união que o Shabat cria é uma forma de preparação para o recebimento da Torah, outra forma é a privação imposta pelo Shabat - quando "descansamos" da rotina, nos tornando como um deserto, sem preocupações que não são relacionadas a vontade Divina. Todo judeu pode experienciar isso semanalmente no Shabat quando não fazemos melacha ("trabalho criativo").
Portanto, Shabat é um prelúdio necessário para o recebimento da Torah. Como está escrito na Hagada de Pesach: "E Ele nos deu Shabat e Ele nos aproximou do Monte Sinai".
Líder
"E um homem de cada família deverá ser a cabeça de sua família" (1:4)
Uma pessoa ignorante descendente de uma linha importante de Rabinos, estava se vangloriando frente a um grande talmid chacham que não veio de tal família . "A diferença entre você e eu", disse o homem ignorante se gabando, "é que eu sou produto de grandes Rabinos. Mas você veio "do nada". "Não, respondeu o talmid chacham, "a diferença entre nós é que você está no final de sua linha... enquanto que eu estou no princípio da minha". Como o verso nos ensina: "Cada homem deve ser a cabeça de sua família" - a cabeça e não a cauda.
Censo I
"E Hashem falou com Moshe bamidbar [nodeserto]... Eleve [conte] as cabeças de toda a congregação..." (1:1-2)
A Parasha desta semana é a primeira Parasha do quarto livro. O Sefer Bamidbar também é chamado de "Chumash Hapekudim", Livro dos Números, pois Israel é novamente contado. Em todo o mundo, os países fazem censos para determinar o crescimento e necessidades da sociedade.
O censo, por natureza, transforma cada indivíduo em um número, mais uma estatística em seu país. Rashi escreve que os judeus foram contados frequentemente "porque eram queridos por Hashem, Ele os contou constantemente". Já que cada vida judia é preciosa para Hashem, a Torah usa a palavra "elevar" para expressar que Hashem queria que cada judeu se sinta especial, pois Hashem sabe de sua existência. Esse censo "elevava" cada indivíduo. Hashem não precisava que Moshe contasse quantos judeus estavam no deserto. Nós fomos contados individualmente para que cada judeu soubesse que tem seu propósito individual neste mundo.
Censo II
"Eleve [conte] as cabeças de toda a congregação..." (1:1-2)
Quando o Povo de Israel se conduz como deve, então o propósito de cada indivíduo, de cada cabeça de Israel, pode ser atingido. Pois para o Povo Judeu no deserto isso significa entrar na Terra de Israel prontamente. A contagem de Hashem representa o desejo do Povo judeu em estado exaltado. Porém, se eles não alcançam seu objetivo de ser uma "luz para as nações" ao cumprir os mandamentos, essa contagem pode ser usada como separando quem deve morrer. De forma semelhante, Yosef utilizou a palavra "elevar" para descrever tanto o perdão do Chefe da Adega Real e retorno a sua posição como a eventual execução do Padeiro Real.









